quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Você sabe a senha de acesso do seu cônjuge?

Matéria tirada do Site http://lifestyle.publico.pt/artigos/314805_se-me-amas-diz-me-a-tua-password

 

Se me amas, diz-me a tua password

 

Por Jessica Yadegaran (Contra Costa Times)

Enquanto pessoa comprometida com uma relação séria, pode partilhar o seu carro, a sua casa e tudo o que ela contém, mas será que também deve partilhar o acesso ao seu mundo online?

 A troca de ideias no Facebook sobre a melhor maneira de educar uma criança? A inocente e ocasional conversa com uma antiga paixão no Google chat? A password do seu computador de trabalho?

Muitos casais acham que a resposta a estas perguntas é sim. Para eles, trocar PIN e passwords é apenas mais uma parte do casamento na era digital.

Outros preferem a sua privacidade. Não têm nada a esconder, asseguram, mas esperam que os respectivos parceiros confiem neles. À medida que as pessoas passam cada vez mais tempo online, os especialistas em relações afirmam que é a disponibilidade para oferecer à cara-metade uma visão aberta da sua actividade online que ajuda a fomentar uma relação saudável. Assim como um pouco de autonomia digital.

Julie Archibald e Alan McAllister praticam esse equilíbrio com grande sucesso. Este casal da Califórnia, nos EUA, não tem receio de partilhar as suas actividades online. Memorizaram o código do cartão multibanco um do outro, assim como a senha do portátil do parceiro, o que, dizem, faz com que tudo seja muito mais fácil, inclusive o levantamento de dinheiro em poucos minutos antes da sessão de cinema. No que toca ao email, usam diferentes servidores – ela é Yahoo, ele é um tipo Gmail – e não sentem necessidade de vasculhar as páginas de mensagens um do outro, afirmam. Mais do que isso, não entendem a necessidade de espionagem digital.

“Faz parte de ter confiança no outro e de partilhar a vida com o homem certo”, explica Archibald, de 38 anos. “Na minha última relação, o meu ex-namorado era mais fechado sobre a sua vida, e isso só tornou tudo mais difícil. Nunca me senti realmente próxima dele.”

Ellyn Bader, do Couples Institute, na Califórnia, defende que pode haver razões válidas para não querer revelar informação online privada. Talvez as pessoas sejam fechadas por natureza ou talvez tenham crescido numa família intrusiva.

“A maior parte das pessoas não gosta de ter alguém a olhar por cima do seu ombro”, afirma Bader, psicóloga clínica e terapeuta familiar e de relações. “Ninguém quer sentir os seus parceiros como se fossem seus pais.”

De qualquer forma, quando a confiança já foi quebrada ou há uma razão para estar desconfiado – por exemplo, se a sua mulher fecha o computador assim que você entra na sala –, o medo desperta e, consequentemente, o desejo de saber tudo o que se passou na Internet, explica Bader.

“Quando alguém já teve um amante fora da relação, tende a conversar online com pessoas do sexo oposto ou foi apanhado a pôr dinheiro de parte à socapa, oferecer-se para partilhar a sua password é uma forma de reconquistar a confiança do parceiro”, explica Bader. “Estas pessoas dirão: ‘Já não tenho nada a esconder’ ou ‘Não me importo que vás ao meu Facebook’”.

Contudo, de maneira geral, parece que os casais mais felizes são aqueles que conseguem manter alguma autonomia digital, para lá da partilha. “É como ter algum dinheiro de parte que, se gastares, não tens de dar explicações a ninguém”, conclui Bader.

Mas Jaime LeMaire, da Califórnia, defende por seu lado que se sentiria desconfortável se o seu marido hesitasse em partilhar este tipo de informação com ela. “Faz parte de um casamento saudável, onde há confiança”, afirma. LeMaire e o marido, Dan Hrubi, partilham passwords e PIN porque “facilita as tarefas diárias e as finanças”.

“Estou a tentar memorizar o número de Segurança Social dele”, afirma LeMaire, de 35 anos. “Acho que é especialmente importante num caso de emergência.”

A especialista em relacionamentos de Los Angeles, Julie Spira, faz das suas as palavras de LeMaire. “Seja o diabo cego, surdo e mudo, mas caso aconteça um desastre, alguém deveria ter acesso ao seu telemóvel e ficheiros pessoais”, afirma a autora do blogue www.Cyberdatingexpert.com.

“Sinceramente, se não está disposto a partilhar pelo menos algumas destas coisas com a pessoa com quem dorme todas as noites, então provavelmente não deveria estar numa relação.”

Ainda assim, há excepções. Mike Senga, de Fremont, na Califórnia, e a ex-mulher nunca revelaram um ao outro as passwords das suas contas de email e iPhones (a questão não teve nada a ver com o divórcio). A mesma coisa para as cartas e encomendas. “É uma violação de privacidade”, defende Senga. “O meu espaço pessoal é meu, o dela é dela. Nunca estivemos em desacordo sobre esta questão.”

Estar à altura destes compromissos é importante para manter a “paz digital”. Se desconfia do comportamento do seu companheiro, tente falar com ele em vez de mexericar o que é que ele faz na Internet, diz Spira. “Toda a gente tem uma vida pessoal e uma identidade própria”, diz. “Não os seguiria para uma noite de póquer ou de saída com as amigas, pois não?”

Cinco razões para revelar a sua password

Segurança: em caso de acidente ou outra emergência, terá acesso ao telemóvel, conta de email e ficheiros pessoais do seu companheiro. Numa situação trágica, poderá fechar a conta de Facebook dele ou falar com amigos que ainda não estavam a par do sucedido.

Comodidade: esqueceu-se do seu cartão multibanco e está a caminho da caixa enquanto a sua mulher está a estacionar? Pode usar o dela e evitar ter de ir ao banco.

Romance: é bom saber que a password do seu marido é a data em que se conheceram, se tornaram oficialmente num casal ou celebraram o quinto aniversário de casamento.

Transparência: numa relação saudável há uma abertura natural e a disponibilidade para partilhar informação. Se está preocupado que alguma coisa que publique no seu mural ou que envie pela Internet possa ser mal interpretado pelo seu companheiro, não o faça.

A regra de ouro: se partilha estas informações com a sua cara-metade, é mais do que justo que ele também o faça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário