quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

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Fonte: Jornal JL de Londrina PR

Mortes acima da média

Alta taxa de homicídio coloca Londrina ao lado de São Paulo e Rio e mantém aceso o alerta sobre a falta de ações reais para conter os crimes

10/01/2013 | Marcelo Frazão, colaborou Douglas Lopes
 
Londrina fechou 2012 com saldo de 111 homicídios, crescimento de 17% em comparação a 2011, segundo balanço da Delegacia de Homicídios. 

Contudo, o que mais chama a atenção é o alto índice de mortes por grupo de 100 mil habitantes. 

No ano passado, o município registrou 22,2 assassinatos a cada 100 mil londrinenses, mais que o dobro do preconizado pela Organização das Nações Unidas (ONU): 10 mortes.

Levando em consideração esses números, estatisticamente a violência em Londrina supera índices de grandes centros urbanos como Rio de Janeiro e São Paulo. 

O Rio fechou o ano com índice de 17 mortes. Em São Paulo foi de 10,3 por 100 mil. Curitiba também encerrou o ano com mais mortes proporcionais que Rio e São Paulo, com 33 por grupo de 100 mil moradores. 

Das 111 pessoas assassinadas em Londrina, 90% eram homens. A região norte foi a mais violenta, concentrando 35 assassinatos. Na sequência aparecem as regiões oeste (22), sul (20), central (14), leste (13) e zona rural (7).

Violência crescente
São Paulo e Rio caem, Londrina sobe
 
No período de 10 anos analisado pelo Instituto Sangari, a RML de Londrina tinha, em 2000, 16,5 mortes por 100 mil pessoas. Em 2010, foi a 27 (aumento de 63%). na mesma década - de 2000 a 2010 - a região metropolitana de São Paulo saiu de 63,3 mortes por 100 mil para 15,4 – com 75% de redução proporcional nos assassinatos. Já no Rio de Janeiro, a queda foi de mais de 50% em 10 anos: de 56,7 mortes por grupo de 100 mil foi a 26,7.
Mapa do crime
Homicídios em Londrina estão concentrados nas áreas mais carentes da cidade

35 mortes (31%) zona norte
22 mortes (20%) zona oeste
20 mortes (18%) zona sul
14 mortes (13%) centro
13 mortes (12%) zona leste
7 mortes (6%) zona rural

22,2 mortes. 

Esse foi o índice registrado por grupo de 100 mil habitantes em Londrina em 2012

A comparação de dados do Instituto Sangari – contidos no Mapa da Violência 2012 “Os novos padrões da violência homicida no Brasil” – com informações da Secretaria de Segurança Pública do Paraná mostra que as taxas de mortes em Rio e São Paulo caíram enquanto os homicídios em Londrina e no Paraná subiram na mesma década (2000 a 2010).

Para o presidente do Conselho Comunitário de Londrina, Cláudio Espiga, o alto índice de homicídios está relacionado ao fato de Londrina estar na rota do tráfico de drogas. “Na capital paulista, mesmo com o alto número de homicídios registrados no segundo semestre, o índice é a metade do nosso. 

Londrina é perigosa porque é uma rota para o tráfico de drogas e sabemos que a maior parte dos assassinatos está vinculada a isso”, diz. A Polícia Civil calcula em menos de 10% os casos sem relação com o tráfico de drogas, como assassinatos em crimes passionais e durante brigas entre familiares ou desconhecidos.

Pedro Bodê de Moraes, professor e coordenador do Grupo de Estudos da Violência da Universidade Federal do Paraná (UFPR), argumenta que as altas taxas de homicídios estão se consolidando nas grandes cidades. “As taxas crescem, levando a um aumento brutal dos índices na capital do Paraná e em cidades como Londrina e Foz do Iguaçu”.

“Interpretar que Londrina é mais perigosa do que Rio e São Paulo não me parece uma forma correta de avaliar a violência aqui da cidade. Pelo que se percebe, existe uma camada da população que já vive em condição de risco diferenciada. É gente mais propícia e exposta ao homicídio porque transita no mundo do tráfico e das armas. A estatística de homicídios em Londrina tem muito a ver com esse foco. O índice serve como ferramenta dos governos para agir e atingir resultados”, diz o delegado-chefe da Polícia Civil de Londrina, Márcio Amaro.

Paraná nem “enxugou gelo”, diz acadêmico

O pesquisador Pedro Bodê de Moraes atribui a redução dos assassinatos, entre 2000 e 2010, no Rio e em São Paulo, a fatores pontuais bem longe de políticas públicas concretas para a diminuição da violência. 

Em São Paulo, na década, a facção PCC passou a concentrar poder e a “organizar” a criminalidade, impondo ritmo próprio nas mortes ligadas ao tráfico – e de forma cíclica, analisa o especialista. “Não tem relação com adoção de políticas firmes de Estado. 

A redução nas mortes tem a ver com as próprias vontades do crime organizado.” 

Em Londrina, autoridades de segurança não negam a presença da facção: em novembro, a Polícia Civil revelou ter prendido uma advogada da facção. A última medida para tentar conter a violência na cidade foi a instalação de uma Unidade do Paraná Seguro (UPS), no Conjunto União da Vitória, zona sul. “Nem o ‘enxugar de gelo’ feito nos outros estados foi realizado aqui.”

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