segunda-feira, 25 de março de 2013

Idosos High-tech + qualidade de vida = PROTEÇÃO

 
 
Fonte: O Diário
Vanda Munhoz
 
Usar a tecnologia para cuidar da saúde vai muito além dos equipamentos de última geração existentes em hospitais. Uma novidade que desponta na comunidade científica de todo o mundo propõe o uso da engenharia de computação para equipar casas de idosos, com sensores e monitoramento por vídeo.
 
Os equipamentos dão alertas a centrais de atendimento em casos de urgência. Os sensores poderão estar em todos os lugares: roupas, eletrodomésticos, móveis, sapatos e muitos outros itens que integram o cotidiano das pessoas. No caso de criança, seria possível identificar até se ela está se engasgando durante o sono.
 
Esse tema faz parte da dissertação de Maria Luísa Amarante Ghizoni, mestre em Ciências da Computação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e doutoranda em Engenharia Elétrica em Belo Horizonte (MG). Em entrevista a O Diário, ela descreve o que a tecnologia pode fazer pelas pessoas, especialmente, os idosos.
 
Na dissertação de mestrado, apresentada em dezembro do ano passado na UEM, ela propõe o desenvolvimento de um ambiente de "Ubiquitous Healthcare", termo em inglês, que define o cuidado com a saúde, utilizando conceitos e tecnologias, envolvidos com a engenharia de computação invisível.
 
"A grande vantagem é o idoso poder morar sozinho e, caso aconteça alguma coisa, ele pode receber socorro rápido. O sistema emitirá um alerta", observa.
 
O Diário - Em suas pesquisas, a senhora propõe ambientes, objetos e roupas informatizados?
Maria Luísa Amarante Ghizoni - A ideia é que o ambiente, que não necessariamente seja uma residência, mas roupas e objetos da casa, possam ter sensores para auxiliar as pessoas, principalmente, os idosos que residam sozinhos.


Como funcionaria? Haveria uma central de informática na residência?
Sim. Essa central poderia ser um computador na casa ou não. A nossa proposta é, para existir um computador na casa, que seria a central.

Esse computador seria a porta de comunicação com um local específico?
Fizemos pesquisas com sensores que detectam a queda da pessoa, por exemplo. O sensor envia o sinal para o computador, avisando que a pessoa caiu e, automaticamente, pede ajuda à central.


O sistema poderia ser usado em outras situações?
Indicamos também para pessoas com dificuldades motoras e mentais. A pessoa não precisa ficar sendo cuidada o tempo todo. Uma casa pode ser adaptada para auxiliar essas pessoas nas atividade do dia a dia.


O sistema pode ser implantado em roupas de crianças? Elas precisariam estar próximas da central?
Sim! Poderá ser implantada em roupas de crianças e não é necessário estar perto da central, muitos sensores têm acesso direto à internet. Outra opção seria mandar esses dados a celulares, por exemplo, para que eles enviem à internet, de qualquer lugar, visto que, ultimamente, as pessoas tendem a andar sempre com celulares.


Como são os sensores na roupa?
Existem várias possibilidades. Há sensores que medem temperatura, por exemplo, e ficam junto ao corpo. No caso, poderiam monitorar a temperatura da criança, por exemplo. Pesquisei alguns, que emitem sinal de alerta se o bebê correr o risco de sufocar.


Existem muitos tipos de sensores?
Além do que acusa a temperatura do corpo, há sensor de batimentos cardíacos, que são similares a cintas. Há modelos que identificam movimentos inadequados e outros que fazem uma leitura do estado clínico das pessoas pelo suor. Há muitos tipos de sensores para roupas.


Esses sensores poderem ser instalados até em móveis?
Sim! Inclusive, em eletrodomésticos. Por exemplo, uma pessoa que esqueceu o fogão aceso, ou o ferro de passar roupas ligado. O sistema identifica que esses equipamentos não estão sendo utilizados e os desliga automaticamente.


Para o idoso, qual é a vantagem?
A grande vantagem é o idoso poder morar sozinho e, caso aconteça alguma coisa, ele possa receber socorro rápido, para não chegar a um ponto grave. Por exemplo, se ele cair e não puder levantar o sistema emite um alerta. Às vezes, o idoso cai e é encontrado dias depois, quando já é tarde.


O cuidador de idoso seria dispensado com o uso dessa tecnologia?
Não haveria a necessidade de ter uma pessoa cuidando dele durante todo o tempo. Uma enfermeira ou cuidador, por exemplo, poderia monitorar vários idosos e ir até eles caso ocorra alguma coisa.


Com tantos equipamentos - sensores, monitoramento por vídeo. Isso não pode ser entendido como invasão de privacidade?
Os dados são enviados apenas para as pessoas determinadas para isso, as encarregadas pelo sistema. A monitoração deve ser feita de uma maneira que utilize os sensores apenas em caso de uma ocorrência. O sensor ou mesmo a câmera de filmagem seria acionado só em caso de emergência.


Existe alguma limitação nesses sensores, ou seja, elas funcionariam com a eficiência necessária?
O único problema é que os sensores não são tão precisos quanto aqueles utilizados no hospitais, mas também são menos invasivos. Se detectam alguma mudança, têm precisão suficiente para avisar que tem algum coisa errada.


O Brasil produz equipamentos dessa natureza?
O Brasil ainda não produz esse tipo de sensor para venda em grande escala. Por enquanto, há possibilidade de importar sensores que começam a ficar mais baratos. No Brasil, há centros que produzem, mas não para vender em larga escala.


Isso parece distante da realidade do brasileiro. Ter uma casa equipada ou roupas com sensores pode virar realidade, em breve?
Certamente. A utilização de sensores tem sido muito estudada e pesquisada e tem até alguns países de primeiro mundo que já começam a produzir o equipamento. Acredito que, em breve, os dispositivos sejam produzidos em escala comercial.


Esse sistema já foi implantado em algum lugar?
Nossa proposta ainda não foi implantada, mas nossa pesquisa aponta que sistemas semelhantes foram implantados no Japão, no Canadá e nos Estados Unidos.


Mas, em princípio, seria um equipamento caro, talvez destinado a poucas pessoas?
No começo seria um pouco caro, sim. Mas acredito que existem possibilidades menos robustas, mas mais acessíveis.


Existem muitas outras tecnologias dessa natureza, destinadas a facilitar
a vida das pessoas?
A cada dia surgem novas tecnologias, algumas são comerciais.Outras dependem de se criar uma demanda comercial. As tecnologias são muitas, muitos dos exemplos que citei podem usar diferentes tecnologias e integrá-las de maneiras diferentes.


A integração de tecnologias pode ser a solução para muitas situações?
O nosso foco é criar novas soluções, com a junção destas tecnologias. A plataforma apresentada no trabalho é abstrata e pode auxiliar a junção de diferentes tipos de tecnologias focando no cuidado da saúde .
 

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