quinta-feira, 25 de abril de 2013

Educação na família = Redução da Violência



Será que somos bons pais?
Esta é uma indagação contemporânea. 

Há 30 ou 40 anos atrás, os pais não tinham dúvidas sobre o assunto. 

O papel deles de autoridade maior e de provedores dava-lhes direitos inquestionáveis sobre a prole. 

Não só o pai, mas a mãe também. Embora mais doce e terna, geralmente ocupada com a administração da casa, representava o segundo comando, controlando o dia-a-dia dos filhos.

Mas, de lá pra cá, o contexto familiar se transformou. Pai e mãe estão no mercado de trabalho, ambos são provedores materiais da casa, a autoridade dos pais se igualou e o apoio familiar propiciado por tias, madrinhas e avós disponíveis, raramente existe.

A vida ficou mais complexa, os bairros mais perigosos, as crianças mais confinadas em apartamentos equipados com videogames, tevês, internet, DVDs, celulares, e as atividades infanto-juvenis passaram a ter agenda: cursos, aulas, academias, etc., o que exige mais ganhos e implica mais trabalho.

Para o psicanalista José Carlos Zanin “as mudanças sociais foram tão grandes e profundas que, não raro, os adultos sentem-se perdidos no que diz respeito à educação das crianças. 

Os filhos, expostos a todo tipo de influência e informação e estimulados por uma educação também mais participativa são surpreendentemente mais espertos, mais ousados e imaginativos do que seus pais na mesma idade, fazendo com que os seus referenciais, vividos com os próprios pais, não sirvam muito de modelo”.

Muitos pais, meio encantados e assustados, se sentem receosos em estabelecer limites, tentando parecer modernos e evitando ser tachados de autoritários. Entretanto, não há como fugir da realidade: os filhos precisam de orientação, presença, exemplos, referenciais, e isto representa certa autoridade (no sentido de saber, conhecer - não de autoritarismo), acrescenta o psicanalista.

Zanin lembra que é inevitável também reconhecer que o ritmo de vida mudou tanto para os adultos quanto para os jovens e há urgência em tudo que se faz hoje, como se cada coisa fosse a derradeira, e cada oportunidade, a definitiva. “Vivemos a cultura do imediatismo e do consumismo - males de nossos tempos. 

Diante da pressão dos filhos, os pais tendem a render-se, pois não querem decepcioná-los, nem ser responsáveis pelas suas frustrações”.

Assim, em muitos casos, os pais ficam reféns das vontades dos filhos: cedem, se sacrificando mais do que o necessário, para dar quase tudo que eles “precisam”, ou cedem, passando a mão por cima, face a comportamentos incorretos, pouco sociáveis e que prejudicam sua educação.

Em outros, os pais estão tão ocupados com suas próprias preocupações e anseios que preferem acreditar (mas não comprovar) que os filhos estão bem e são independentes como requer o mundo de hoje.

Certamente, pondera o psicanalista, o equilíbrio é difícil e exige além de muito amor, maturidade e valores bem definidos para não deixar que as carências, dificuldades pessoais, ansiedades adultas e modismos norteiem a relação com os filhos.

- Não há uma fórmula em educação, por isso é difícil, senão inadequado, falarmos em bons pais. Contudo, pode-se dizer que o ingrediente mais importante é o amor que educa, que sabe dizer “não” sem culpa, porque faz parte da vida lidar com a falta, com a frustração e com as “interdições”. 

Os obstáculos podem ensinar a esperar, a buscar alternativas de prazer e satisfação, a valorizar o conquistado e a descobrir que nem tudo é possível e está disponível, quando se quer.

Logo, o amor saudável não pode satisfazer sempre. É preciso que prevaleça o bom-senso na educação, a relação respeitosa entre os pais e entre pais e filhos, a imposição de limites e o diálogo, que traduzidos em comportamentos, equivaleria a algo como:

• estar presente na vida dos filhos, acompanhar as atividades que desenvolvem, conhecer seus amigos e, sempre que possível, os pais deles

• saber aonde os filhos estão e, da mesma forma, mantê-los informados aonde seus pais podem ser encontrados

 • proteger os filhos de uma liberdade prematura para a qual não estejam preparados ou que não tenham idade para se defender

• nunca punir quando estiver irado, nem humilhar com críticas na frente dos outros. A opinião dos pais tem muito peso para as crianças por isto é preciso não ser excessivamente crítico.

• viver aquilo que ensinam, para que os filhos possam se espelhar no exemplo familiar

 • ter tempo para o divertimento em família no final de semana, participando das atividades da garotada, quando for chamado

 • ter tempo para ouvir o que os filhos têm a dizer, mesmo que suas razões possam parecer tolas e ingênuas aos adultos

• elogiar as pequenas conquistas, vibrar com suas vitórias e animar nos fracassos, para que superem as dificuldades

• fazer com que eles se sintam membros importantes da família

• compreender os anseios e angústias, mas frustrar e colocar limites quando necessário

• não expressar autoridade com agressividade. Ser honesto nas explicações: se achar que seu filho ainda não tem maturidade para viajar com o grupo de amigos, diga o que pensa e mantenha-se firme. Ele ficará aborrecido por uns dias, mas depois passa

• cumprir o que promete ou então não prometer

• respeitar a mãe dele e, no caso dela, respeitar o pai dele, se estiverem separados, pois o filho continuará sendo de ambos

Enfim, muitas ações poderiam ainda ser citadas destacando o amor maduro dos pais por aqueles cuja segurança física, afetiva e emocional depende deles: seus filhos.

As crianças e jovens de hoje podem revelar inteligência e conhecimento maiores porque o cérebro estimulado permite que isto aconteça, contudo a maturidade só chega no momento próprio e enquanto não ocorre, cabe aos pais protegê-los.

Mas não há perfeição. Tropeços fazem parte do processo, assim como as constantes correções...

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