Técnicas e Fatores Psicológicos
1 - Reciprocidade. É a teoria que diz que se eu fizer algo para você, você irá se sentir obrigado a fazer algo para mim. O golpista se apresentará como muito prestativo e pronto a ajudar em tudo para que a vítima fique lhe "devendo uma" e assim tenha mais dificuldade em dizer um "não".
2 - Escassez. Sobretudo a
falta de tempo para decidir (alegando que uma determinada oportunidade é por
tempo muito limitado ou que tem algum prazo a ser respeitado) é um fator muito
usado para pressionar vítimas. Mas também existem fraudes envolvendo
"limites" de vagas, de montates disponíveis para financiamentos, de
produtos em promoção...
4 - Fixação em fantasias. Esta tática visa fazer com que a vítima fique tão fixada em um
determinado fantástico "prêmio" ou benefício que acabe perdendo a
capacidade de pensar objetivamente. Por isso o golpista insistirá em evidenciar
e concentrar a atenção sobre os supostos grandes benefícios que esperam a
vítima.
Muito interessante,
neste sentido, o conceito de "miopia em face do desastre" que vi
definido pelo economista Andrew G. Haldane, diretor do Banco da Inglaterra, num
estudo sobre a crise internacional em 02/2009, e mencionado por Maílson da
Nóbrega. Representa a propensão humana a subestimar a probabilidade de eventos
adversos, especialmente do tipo ocorrido no passado ou em situações distantes.
5 - Prova social. Muitos golpistas alegam (sem porém fornecer
provas convincentes) que o que eles estão propondo já foi feito por muitas
pessoas ou empresas, criando assim a idéia implícita que a coisa deve ser boa
se tantos assim a fizeram supostamente com sucesso.
6- Semelhança e
simpatia. Alguns golpistas
tentam saber mais sobre as próprias vítimas, antes do primeiro encontro, para
ter uma chance de criar um sentimento ou clima de amizade e/ou semelhança. O
objetivo é de transformar a relação de "formal" para "entre
amigos" pois é mais dificil recusar a proposta de um amigo.
7 - Terceirização de
credibilidade. Outra técnica muito utilizada consiste em convencer primeiro alguma
pessoa com credibilidade (freqüentemente um profissional respeitado),
eventualmente mentindo e sempre sem aplicar o golpe nele, mas tentando fazer
com que ele acredite que se trate uma coisa boa. Aí este terceiro virará garoto
propaganda dos golpistas e as vítimas acreditarão mais facilmente nas conversas
destes por serem apresentados/referenciados por aquela pessoa
"confiável".
8 - Autenticação por
associação. Consiste em fazer
algo parecer autêntico, mesmo não o sendo, através da associação ou
apresentação conjunta com outros elementos confiáveis ou comprovadamente
autênticos. Isso vale por exemplo para um documento falso que, quando
apresentado em conjunto com outros documentos verdadeiros e confiáveis, pode
acabar sendo aceito como também autêntico. Ou um testemunho ou uma informação
falsa, que, quando misturada ou apresentada em associação a outras informações
verdadeiras, confiáveis e confirmadas, pode vir a adquirir status de
“verdadeira”. Os contra-espiões de todas as épocas sempre misturaram várias
informações verdadeiras com algumas falsas, para que estas ultimas fossem
aceitas e assim atingissem seus objetivos.
Uma outra estratégia psicológica recorrentemente desfrutada nas
fraudes é o "Envolvimento da vítima por Etapas Sucessivas", cada uma comportando um modesto
investimento (em tempo, ações, contatos, viagens, dinheiro, imagem,
referências, comprometimentos etc...) por parte da vítima.
Isso porque quem já investiu alguma coisa sempre estará muito mais disposto a continuar no jogo para não perder o que já investiu, mesmo se e quando aparecerem, no caminho, situações duvidosas, maiores investimentos a fazer, nova exigências ou novos obstáculos a superar. Portanto os golpistas mais habilidosos nunca pedirão dinheiro no início ... eles apresentarão boas oportunidades e facilidades, vislubrarão grandes benefícios e farão com que você invista tempo e dinheiro no negócio, por exemplo pedindo que você os visite no exterior ou que você faça alguma coisa no seu país que comportará tempo e custos (mas que deixará você tranqüilo sobre as intenções deles por não serem custos destinados a eles).
Imaginem a situação: uma pessoa recebeu uma proposta, digamos de
financiamento (caso clássico), viajou para os EUA (gastando o dinheiro da
passagem) para discutir o assunto, recebeu um monte de papéis e requerimentos,
foi atrás de tudo (gastando dias e dias de tempo) envolvendo o contador, o
advogado, o cartório, os amigos, os bancos etc ... falou disso com várias
pessoas e pediu a todos algum tipo de ajuda, depois foi atrás dos documentos
"necessários" gastando mais dinheiro pelas certidões e mais tempo
para consegui-las. Nesta altura ele estará pronto para receber a informação que
a liberação do financiamento, "que já foi aprovado", depende agora do
pagamento de alguma coisa (um seguro, uma taxa, um imposto, os custos do
contrato ou do advogado ou sei lá o que mais) ... na cabeça dele, mesmo com
alguns ou até muitos indícios que se trate de uma fraude, não terá alternativa
se não se arriscar mais um pouco e pagar para receber o financiamento (afinal
no caso contrario ele terá perdido todo o tempo e dinheiro gasto até aí, sem
contar a péssima figura com todos os que envolveu etc.) ... e a fraude terá
tido êxito !!
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